terça-feira, 12 de junho de 2012

Fernando de Noronha - O causo da aliança



Hoje é Dia dos Namorados e acho que esse "causo" tem tudo a ver com o espírito do dia de hoje!

Tem coisas que acontecem conosco que desafiam as leis da estatística. A probabilidade de que aconteçam é tão remota, MAS TÃO REMOTA, que só mesmo a intervenção divina para dar uma explicação plausível. A essa altura, o meu irmão mais novo, ateu fervoroso e convicto, deve estar rindo desse comentário!

Mapa de Noronha - praias do norte da ilha

Que cada um fique com as suas convicções e, no fim deste causo, que busque suas próprias explicações.

Estávamos, eu e a Mary, passando uns dias em Noronha e, naquele dia, fomos visitar as praias do norte da ilha. Arrumamos uma carona até a Baía dos Golfinhos e voltaríamos a pé, devagarzinho, até a Vila dos Remédios.

Baía dos Golfinhos

Passamos uma meia hora no alto do morro que fica na Baía dos Golfinhos, vendo o show de piruetas que eles faziam lá embaixo. Lindo! Fico imaginando o que é ver esse show de perto, mas devido ao mal tempo, o Ibama tinha proibido as visitas de barcos na Baía dos Golfinhos. Ou seja, era apreciar do alto do morro ou ficar chupando o dedo.

Resolvemos seguir o nosso caminho. Sobe morro, desce morro, sobe morro, desce morro e a nossa próxima parada foi a Praia do Sancho, considerada por muitos a praia mais linda do Brasil!

A belíssima Praia do Sancho

Chegamos por cima do morro e a visão do local é simplesmente indescritível! Mas para chegar até a praia tivemos que descer por uma escada que fica em uma fresta estreita na rocha. Não sei se a escada ainda é usada nos dias de hoje, mas confesso que descer por ali era uma experiência perigosa e amedrontadora, principalmente para alguém que tem crises de claustrofobia como a Mary.

Fenda e escada por onde se desce para a Praia do Sancho

Uma vez na praia, enquanto a Mary tomava um banho de sol, fui fazer um mergulho de snorkel. Estava curtindo a vida marinha quando vi um forte brilho de metal amarelo em um banco de coral, a uns 3 metros abaixo. Fui até lá e era uma baita aliança de ouro! Voltei para a praia para mostrar o meu achado para a Mary e na aliança estava escrito: “Luciana” (nome fictício) e a data do casamento, que tinha ocorrido a menos de uma semana. Ou seja, a aliança havia sido perdida pelo noivo durante a lua de mel em Noronha!!!

Levantamos “acampamento” e fomos para a praia seguinte. Sobe morro, desce morro, sobe morro, desce morro, até a Baía dos Porcos! Passamos uma meia hora por lá, curtindo o visual maravilhoso e as piscinas naturais.

Baía dos Porcos

Seguimos adiante até a Praia do Bode, onde chegamos pra lá de cansados depois de uma longa caminhada. Fizemos um pit stop em uma barraca que vendia água de coco, onde dois outros jovens casais já estavam descansando na sombra.

Depois de uns cinco a dez minutos, um dos casais resolve ir embora. Enquanto eles subiam o morro em direção à Praia dos Americanos, o outro casal começou a se beijar. Percebi que ELE não tinha aliança e ela tinha.

Praia do Bode

TOOOOING! Seria ele o noivo que tinha perdido a tal aliança?! Perguntei se o nome dela era Luciana. Não, não era! Mas por quê?! Contei o caso da aliança que tinha encontrado.

Imediatamente, ela começou a gritar para o outro casal: Luciana, Luciana, volte aqui!!! Enquanto isso o rapaz contava que o nome da OUTRA moça era Luciana e que ELE tinha perdido a aliança no dia anterior, em um passeio de escuna!

Assim que eles chegaram, eu coloquei a aliança DE NOVO no dedo do seu dono!

Naquele momento, a emoção estava gritando em todos ali! Algo indescritível e virtualmente impossível de ocorrer tinha acabado de acontecer. Ainda hoje, quando me lembro do ocorrido, fico emocionado e com lágrimas nos olhos.

Vista do mirante do Forte dos Remédios

Veja a enorme quantidade de variáveis que se juntaram numa perfeita harmonia de probabilidade ZEEEERO! Bastava uma delas se modificar que jamais encontraríamos os donos daquela aliança. Bastava o dia estar nublado, ou que a incidência do sol fosse diferente, ou que ficássemos dez minutos a mais ou a menos em uma das praias, ou que o noivo do outro casal não tivesse perdido sua aliança numa praia em Natal, para que esse encontro jamais ocorresse.

Para mim ali estava o toque divino de harmonizar o impossível... mas dê você a sua explicação!