quarta-feira, 18 de abril de 2012

EUA: Velho Oeste – Cadê minha Carteira de Motorista?!! (out/2010)


Veja também os demais posts da série “EUA: Velho Oeste”: “Tratados como bandidos!”, “Grand Canyon”, “Antelope Canyon”, "Monument Valley", “Dah-he-tih-hi” e “Mesa Verde”.


A visita ao Parque Nacional de Mesa Verde não teve apenas momentos de lazer e cultura ao visitarmos as ruínas deixadas pelo povo anasazi. Foi lá que passamos pelo segundo grande momento de tensão da viagem (reveja o post Tratados como bandidos!). Eu simplesmente PERDI MINHA CARTEIRA DE MOTORISTA!!!

Ruínas do Cliff Palace

Descobrimos o sumiço da carteira assim que chegamos ao hotel, logo depois de retornarmos do primeiro dia em Mesa Verde, onde fomos comprar os ingressos de visitação. Foi um desespero completo!! Reviramos tudo: o carro, a roupa, as mochilas, as malas, checamos com a portaria do hotel... NEEEECA!!! Não houve jeito de achar a danada da carteira.

É claro que ainda "sobrava" a carteira da Mary... mas já pensou se a pobre coitada tivesse que ficar com a responsabilidade de ser a motorista pelo resto da viagem?! Porque dirigir pelos EUA sem documento de habilitação era um risco que eu nem de longe pensava em assumir.

Edu e Mary em Mesa Verde

Como desgraça pouca é bobagem, resolvemos deixar o desespero temporariamente de lado e fomos curtir o passeio no parque no dia seguinte.

Passeio completado, voltamos para a nossa angustiante realidade.

Mary

Fomos no achados e perdidos do parque... e NECA de carteira. Voltamos a todos os lugares onde estivemos, inclusive aos guichês e portarias: NEEEECA!

O jeito foi registrar oficialmente a perda junto às autoridades do parque, que emitiram algo semelhante ao nosso velho e conhecido "BO", o "Boletim de Ocorrências" de nossa "querida" polícia tupiniquim!!!

Os "rangers" são os guardas florestais dos parques americanos

Só aliviei a tensão nervosa quando o “ranger”, o policial do parque, nos entregou o “BO” e disse que ele seria considerado como documento de habilitação válido enquanto eu estivesse nos EUA. Vibrei! Sem que ele soubesse, nossos problemas foram todos solucionados!

"BO" da perda da minha carteira de motorista

Ou seja, passei a dirigir com base em um “BO”!! Chique, não?!!


terça-feira, 10 de abril de 2012

Eventos Internacionais – Um pé na bunda!!!


Hoje tem uma audiência pública no Senado para tratar da Lei Geral da Copa e a presença do secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, aquele do “pé na bunda”, foi vetada. Esse imbróglio todo me lembrou uma piadinha.

Conta a piada que um cara muito rico abordou uma linda mulher e perguntou a ela:

“– Por um milhão de dólares você transaria comigo?!”

Ela deu uma titubeada, surpresa com a abordagem, mas o olhinho brilhou e ela, meio sem jeito, respondeu:

“– Bem... faria!”

Ele nem deixou a bola quicar e emendou outra pergunta:

“– E por cem pau?!”

Furiosa ela respondeu:

“– Tá louco, cara?! Por acaso cê tá pensando que eu sou puta?!”

“– Bem, isso já foi respondido na pergunta anterior. Agora só to barganhando o preço!”

Piadinhas de mau gosto à parte, acho até gozado toda essa discussão sobre soberania, FIFA e Copa de 2014.


Quem já se candidatou a sediar um evento internacional sabe que TODOS esses eventos internacionais, de uma mera reunião técnica a uma Copa do Mundo, passando pela Rio +20 que sediaremos em junho deste ano, têm como base um “caderno de obrigações” às quais o país candidato se obriga a seguir fielmente. E também sabe que a margem para negociações é normalmente estreita, MUITO ESTREITA. É o típico “ou dá ou desce”! Se quiser ser candidato, que aceite as obrigações... ou ceda seu lugar para o próximo da fila.

Na hora em que o “molusco” que nos presidia era todo sorrisos ao conquistar o direito de sediar a Copa de 2014, nossa soberania já tinha ido para o espaço. E tinha ido pro espaço já tinha um bom tempo!


Bem antes daquela comemoração já havia sido assumido com a FIFA o compromisso de que as bebidas seriam liberadas, assim como a respeito de vários outros pontos polêmicos que hoje embrulham o estômago de muita gente.

Pense um pouquinho e me diga. Quando a CBF foi lá na FIFA e ofereceu o nome do Brasil como candidato, você acha que o governo brasileiro não havia sido consultado previamente sobre as exigências da FIFA? E que havia dado a sua concordância?! É OBVIO que sim!


Agora, meus queridos, é dar a eles o que foi prometido antes da aprovação do nosso nome pela FIFA, como sede da Copa de 2014. Falar em soberania a essa altura do campeonato é um exercício completamente inútil. Que esperneássemos bem antes! Agora é tarde!!

Estamos esperneando tal qual a “ofendida” linda mulher da piada acima!


Ao longo da minha vida profissional, participei da organização de mais de uma dúzia de eventos internacionais, entre eles reuniões técnicas do Mercosul, reuniões da CITEL (órgão da OEA) e de duas Americas Telecom, mega feira/conferência da UIT (União Internacional de Telecomunicações, órgão da ONU) com mais de 400 estandes de empresas multinacionais e mais de 20.000 participantes. Todos esses eventos, em maior ou menor grau tinha uma longa lista de obrigações. E ninguém se candidata inocentemente, sem saber o tamanho do buraco em que está se metendo, concorda?!

Daí a aceitar que o secretário-geral da FIFA recomende, em alto e bom som, um belo chute na bunda vai uma larga distância.


Dizem que diplomata diz TALVEZ quando quer dizer “não” e quando diz NÃO, já deixou de ser diplomata.

É claro que o tal do Valcke passou dos limites e, se dependesse de mim, não voltaria a se reunir com o governo brasileiro. Sua prepotência é tamanha que achou que podia falar o que desse na telha, sobre nós tupiniquins. Pois achou errado, por mais que tivesse razão quanto às suas reclamações. Acertou no conteúdo, mas ERROU FEIO na forma de se expressar.

E gente prepotente é o que não falta em organismos internacionais. Sei disso porque lidei com muitos deles... e não foram poucas as caneladas que trocamos!


Ah, e antes que eu me esqueça: para mim acho excelente a escolha de um tatu-bola para mascote da Copa de 2014. Nada mais apropriado escolhermos um tatu! Afinal, acho mesmo que essa Copa tá indo pro buraco!

Pano rápido, por favor!!!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mergulhando pelo mundo – SS Sapona e Castor



Se mergulhar é maravilhoso, mergulhar em naufrágios é uma experiência pra lá de especial. Mergulhar em naufrágios é como entrar numa cápsula do tempo repleta de estórias. Mas para isso você precisa ter uma habilitação especial e, se possível, com um instrutor tão especial como o meu mestre Maurício Carvalho.

Quando estou em um naufrágio, procuro conhecer as estórias que envolveram o barco e seu afundamento. E tem cada estória incrível que vou compartilhar aqui com vocês.

Em Bimini, Bahamas, mergulhei no naufrágio do cargueiro SS Sapona, que lá encalhou em 1926 depois de um furacão. O barco é enorme, a maior parte está fora d’água e o mergulho é bem raso, cerca de 5 metros. A curiosidade é que o barco foi construído em concreto, pois o aço estava em falta durante a Primeira Guerra Mundial!

Concreto?! Pois é, eu também jamais imaginei que um barco pudesse ser construído de concreto!

O SS Sapona

A Primeira Guerra Mundial acabou antes do barco terminar de ser construído e ele acabou sendo vendido como sucata. Durante algum tempo foi usado para armazenar óleo combustível.

Em 1924 foi vendido novamente, quando foi transportado e ancorado ao largo de Bimini, Bahamas. Durante a época da Lei Seca americana, foi usado como armazém de bebidas, fugindo da legislação por estar em território estrangeiro. A intenção do novo dono era reformá-lo para servir de casa noturna e cassino, mas o furacão de 1926 acabou com seus planos.

Durante a Segunda Guerra Mundial foi usado como alvo pela Força Aérea Americana e pelos Fuzileiros Navais. Depois de uma missão de treinamento de bombardeio no SS Sapona, o famoso Flight 19 simplesmente desapareceu e 14 aviões nunca mais foram vistos. É um dos mais famosos casos de desaparecimento no “Triângulo das Bermudas”.

Boa parte do naufrágio do Sapona está fora d'água

A contravenção também parece estar presente no naufrágio do cargueiro Castor, que encalhou em um banco de areia ao largo de Porto Seguro, sul da Bahia. Como o bicho castor não existe em nossa fauna, o nome Castor nos remete imediatamente ao falecido bicheiro carioca Castor de Andrade, nome pelo qual o navio é conhecido entre os mergulhadores da região.

Registro no log book

A estória oficial diz que devido à má visibilidade e a problemas no radar, o cargueiro acabou por naufragar em 1984 depois de encalhar em um banco de areia. Se for verdade, é MUITO “AZAR”, pois esse é o único banco de areia num raio de “800 quilômetros”. Confesso que não sabia que a Lei de Murphy tinha mira de precisão!!!

Naufrágio do Castor

Por outro lado, conta a lenda que o naufrágio teria sido intencionalmente provocado para que fosse pago o dinheiro do seguro, uma forma de se lavar o dinheiro proveniente da contravenção.

Registro no log book

Verdade? Não tenho a menor idéia. A grande verdade é que se pode fazer um belo mergulho entre os tubulões de aço que faziam parte de sua carga.