quarta-feira, 24 de outubro de 2012

EUA – Pensacola, Flórida

O segundo turno das eleições para prefeito estão chegando e dou Graças a Deus não precisar ter em quem votar. A política brasileira está dando embrulho no meu estômago, mas infelizmente ainda não inventaram sistema melhor que a democracia. E foram exatamente as eleições que me fizeram lembrar de Pensacola, cidade da Flórida. Por quê? Isso vocês vão descobrir mais adiante!

Pensacola é a última cidade da Flórida, no extremo oeste do estado, fronteira com Mississipi e Alabama. Morei lá por oito meses em 1967/68, em plena Guerra do Vietnã.
Mapa de Pensacola, Flórida
E o que fazia um jovem brasileiro de 15 anos por aquelas bandas, numa época em que o intercâmbio estudantil Brasil/EUA ainda dava os primeiros passos? Eu morava com o meu irmão, oficial da Marinha brasileira, que estava fazendo um curso de pilotagem de helicóptero na Base Aérea da Marinha americana.


Foi uma época maravilhosa para mim! Adorei o contato com uma cultura diferente da nossa, a visita a cidades como Miami, Nova Orleans, Washington e Nova Iorque, o estudo na Woodham High School, além do aprendizado e domínio da língua inglesa, que seria um diferencial que levaria para o resto de minha vida profissional, algo ainda incomum naquela época.
Meu boletim escolar
A Pensacola dos anos 60 acabou virando passado e restou apenas como belas lembranças em minha memória. Exatos trinta anos depois, em umas férias na Flórida, resolvi visitar Pensacola mais uma vez. Pouco restava daquelas lembranças dos meus quinze anos.
Museu Naval
Visitei a Base Aérea. Não havia mais aquela frenética movimentação típica dos tempos da Guerra do Vietnã, mas a base ainda é uma referência no treinamento dos pilotos da Marinha. Hoje a Base tem um museu com dezenas de aviões, onde um cinema IMAX (aquele de telonas gigantes com 23m de altura e 37m de largura!) mostra filmes como as incríveis manobras dos Blue Angels, a Esquadrilha da Fumaça da Marinha Americana.
Blue Angels
Visitei a praia de Perdido Bay, onde íamos com frequência. Suas areias são tão brancas que existem placas “no clay in Perdido Bay” (proibido barro em Perdido Bay), uma forma de manter imaculado o branco de uma das praias mais populares da famosa Red Neck Riviera. 
Perdido Bay
Os matutos da região são conhecidos pela alcunha de “red necks” (pescoço vermelho), devido o “bronzeamento” do pescoço, fruto de duro trabalho braçal! Mal sabiam que as brancas praias da região seriam atingidas, em 2010, pelo negro óleo vazado da maior tragédia ecológica do Golfo do México.

A "Redneck Riviera"!!!
A Kilbee Lane, rua onde morávamos, havia sumido do mapa! Mudou de nome e, depois de muito esforço, descobri que se chamava agora Airport Boulevard. Nossa casa ainda estava por lá, bem acabadinha por sinal.

Woodham High School
Voltei à Woodham High School, uma escola enorme, que ostentou com orgulho “Home of the Mighty Titans” nos muros da escola até fechar as portas em 2007!! Pode até ser que os Titans dos últimos anos metessem medo em alguém, mas, naquela época, os times de basquete e de futebol americano da escola eram o saco de pancada da região. De “poderosos titãs” só tínhamos o nome! Tomávamos cada sova de doer o lombo!
Os "poderosos" Titãs eram um baita saco de pancadas!
Foi nessa época que passei a gostar do futebol americano. Como existiam duas ligas, a NFL e a AFL, escolhi um time para torcer em cada liga. Na NFL escolhi os Green Bay Packers, por serem verde amarelos como a nossa bandeira. Na AFL optei pelos Oakland Raiders, por serem prata e preto, o mais próximo das cores do meu glorioso Botafogo.
Sports Ilustrated de 1968 com a chamada para o Super Bowl II
Sem querer acabei escolhendo exatamente os times que iriam para o II Super Bowl, em janeiro de 1968. Deu Packers, na época o mais vitorioso time dos EUA! Seria também o auge do time, que teria uma longa e sofrida descida de morro, que só mudaria 29 anos depois, com a conquista do XXXI Super Bowl. Foi sofrido, mas como botafoguense já estou até acostumado.
GO PACKERS!!!
Ah, ganhamos o Super Bowl novamente em 2011 e este ano tomamos um sapeca dos Giants bem antes da final!! Paciência! Não dá para ganhar sempre, né?!!

Mas, como dizia, Pensacola havia crescido, havia mudado MUITO e para melhor!!!

E um dos motivos para essa pujança econômica decorre do fato de NÃO TER PREFEITO! Ao contrário de TODAS as cidades brasileiras, Pensacola não tem um prefeito, que ao invés de administrar a cidade em prol dos seus cidadãos, prefere administrar visando seus interesses particulares, com todos os problemas que bem conhecemos em terras tupiniquins!
A Baía de Pensacola
Em Pensacola, os cidadãos elegem uma câmara de vereadores, que elabora uma licitação para contratação de um administrador profissional. Ele irá gerir a cidade como se fosse uma empresa, com metas e objetivos a serem atingidos, visando o “lucro” de todos os cidadãos. E se for mal sucedido seu destino será a demissão sumária, tal como em uma empresa, com seu CEO (presidente) sendo demitido pelos seus acionistas.

Fico imaginando se esse não seria um belo exemplo para importarmos, ao invés ficarmos nessa nossa luta inglória contra prefeitos corruptos e incompetentes.

Tolinho eu, concorda?!

PS: esse sistema de indicação de prefeito foi revogado em 2009, mas o atual prefeito eleito mantém as características anteriores e é um antigo executivo que trabalhou na AT&T e no Financial Times! Quanta diferença do nosso “querido” governador AgNULO”, concorda?!!