terça-feira, 25 de outubro de 2011

EUA: Velho Oeste – Monument Valley (out/2010)



Passado o Antelope Canyon, o próximo objetivo era o Monument Valley, um parque estadual explorado, pela nação Navajo.

Nação Navajo?!!! 

Exatamente!!! Nos EUA, algumas tribos possuem o direito de auto governar as suas terras. Têm suas próprias leis (desde que não interfiram nas leis federais e estaduais), seus governantes, gerenciam a sua economia e dão graças a Deus de não existir uma FUNAI por lá!!!

Como parque do Monument Valley fica dentro das terras da nação Navajo e é explorado como um dos insumos de sua economia. Os lucros são revertidos para toda a tribo, que chama o local de Tsé Bii' Ndzisgai, que significa Vale das Rochas.

Tudo “igualzinho” aos nossos índios, que são tratados como imbecis pela FUNAI.

Mas voltando ao Monument Valley, duvido que alguém nunca tenha visto ao menos uma foto do local. É de uma beleza tão agreste e inusitada que foi utilizada como cenário em inúmeros filmes.

Os mais velhos, que viveram o auge dos faroestes, vão se lembrar das imagens marcantes imortalizadas pelo premiado diretor John Ford, desde os idos de 1939. 


E foi tantas vezes usado como cenário, que lá existe, em sua homenagem, o John Ford Point.


Outros filmes? 2001 Uma Odisséia no Espaço, Easy Rider (Sem Destino), De Volta para o Futuro 3, Era uma vez no Oeste (de Sergio Leone), Thelma & Louise...

Tá legal, você é bem mais novo e ainda não cheira a naftalina? Em Forrest Gump tem uma cena clássica tendo o Monument Valley como fundo.



Não resisti tirar uma foto no mesmíssimo local, o marco de estrada Milha 13.


Em Missão Impossível 2, as cenas iniciais, onde o Tom Cruise está escalando uma montanha, foram feitas no East Mitten Rock do Monument Valley. Até mesmo no desenho animado Cars, da Pixar, aparece um tal de “Ornament” Valley.


A beleza do Monument Valley começa com o nascer do sol. Optei por deixar propositadamente a silhueta no meio da foto. Tentei ela no terço inferior e no terço superior. Para o meu gosto ficou melhor assim.


Como o nascer do sol é simplesmente desbundante tirei dezenas de fotos. Essa mostra o West Mitten, East Mitten e Merrick Butte, respectivamente da esquerda para a direita. Botei o sol aparecendo ligeiramente para tirar um pouco da mesmice da silhueta


A foto abaixo mostra o East Mitten no sol do amanhecer, emoldurado pelo tronco de um juniper. A tradução do Google deu zimbro, mas nunca ouvi falar nessa árvore aí no Brasil. Seja como for, é uma árvore muito comum por essas bandas. A torção do seu tronco dá uma beleza toda especial


Esse local é chamado de Window, por se ver a paisagem emoldurada pela Elephant Butte à direita e Cly Butte à direita. Ao fundo pode-se ver o Big Chief (formação pontuda) e o Stagecoach. À direita dá para ver um pedaço do East Mitten


Apesar de proibido subir nesses morros, resolvi desobedecer as regras e subi um bom pedaço do Cly Butte para tirar essa foto de todo o vale. Acho que valeu!!




Tomadas, Torneiras e Descargas IV – Banho de água fria



Tomar banho pode ser uma verdadeira façanha em terras alienígenas! Principalmente nos hotéis menores, onde os banheiros não são aquecidos. Dá para imaginar a coragem necessária para sair da cama quentinha, tirar a roupa e enfrentar o chuveiro em um banheiro gelado durante o inverno europeu?

Imagino que seja por essas e por outras que muito europeu passa por você deixando um rastro destruidor capaz de afugentar o gambá mais corajoso! Pior que isso é quando esse distinto resolve levantar o braço dentro de um ônibus ou metrô! O metrô pode até estar lotado, mas é só o malfadado levantar o braço que imediatamente abre uma clareira de dois metros ao redor dele e os demais passageiros passam a mostrar uma ligeira coloração violácea, típica de indivíduos em apnéia profunda.


Tomar banho frio me lembra duas situações em que vivi durante férias minhas aqui no Brasil.

A primeira foi em Fernando de Noronha, em 1999. Naquela época, para economizar energia elétrica, as pousadas eram proibidas de ter chuveiros elétricos. Apesar de estarmos próximos da Linha do Equador, tomar banho frio sem estar com o corpo quente sempre requeria uma coragem adicional. Assim, eu e a Mary usávamos uma técnica especial para chegar de corpo quente no chuveiro e ganharmos um incentivo adicional. Como a pousada ficava no alto de uma pequena colina, acelerávamos o passo na volta. Chegávamos lá suados e pisando na língua... e adorávamos aquele delicioso banho frio.


Mas em fria mesmo entrei eu no Vale do Ribeira, no sul do estado de São Paulo. No início dos anos 80 estava de férias no sul e resolvi visitar o meu irmão, que fazia seu mestrado em Piracicaba. Fanático por cavernas, ele não perdia uma única oportunidade de visitar as maravilhosas grutas do Vale do Ribeira. Marcamos nos encontrar no acampamento da SBE – Sociedade Brasileira de Espeleologia, em Iguape.

No primeiro dia saímos cedo e visitamos várias cavernas. Só para dar uma breve idéia do tamanho da aventura, nenhuma delas estava aberta à visitação pública. Rastejamos na lama, vadeamos em rios e lagos internos, subimos em estalagmites... resumindo a ópera, chegamos de volta ao acampamento tão imundos que a roupa que eu usava foi jogada no lixo. Impossível lavá-la!


Cheguei ao acampamento exausto e morto de vontade por um banho, mas já tinha uns três na minha frente. Achei um tanto estranho o jogo de empurra daqueles três marmanjos, tão imundos quanto eu. Ao invés de brigarem para saber quem seria o primeiro, a disputa era para saber quem seria o ÚLTIMO a entrar no chuveiro. O que perdeu saiu praguejando para dentro do banheiro. Quinze minutos depois eu caí na besteira de perguntar pro meu irmão:

– Será que o fulano já terminou o banho?!

– Nem começou!

– Ué, como você tem tanta certeza?

– Já, já você vai ver!

E não deu outra. Como se ele tivesse ouvido as proféticas palavras do meu irmão, ouvi o barulho de água caindo do chuveiro e um urro desesperado.

– Sabe – afirmou o meu irmão – a água aqui é tão gelada que não dá para tomar banho sem gritar!!


Quando chegou a minha vez percebi que ele tinha razão! Tomar banho de rio em pleno inverno siberiano talvez fosse uma experiência mais prazenteira. A sensação que eu tinha era a de que não caía água do chuveiro, mas gelo em lascas

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Diferenças culturais – o "V" da vitória!!!

Para mim, o melhor de uma viagem internacional é poder estar em contato com uma cultura diversa da nossa. E como cada cultura é um caleidoscópio cheio de facetas, você estará não apenas em contato com uma outra língua, comida, música, dança, mas também se confrontará, muitas vezes, com valores morais ou culturais bem diversos dos nossos.

Tentar estabelecer uma linha de comparação entre a nossa cultura e as demais é um baita erro. Lembre-se sempre que, no exterior, não são eles que são estranhos. Somos nós os estranhos!

Ouvir uma outra língua pode ser curioso, experimentar a culinária de um outro país pode ser delicioso, ver uma dança nativa pode ser inesquecível... mas deixar de respeitar alguns hábitos de uma outra cultura pode fazer o viajante passar por constrangimentos ou até mesmo por situações perigosas.


Não custa nada tentar conhecer e seguir os hábitos dos países que vamos visitar, pois nosso comportamento pode ser muito mal interpretado, por mais inocente que possa ter sido nossa intenção.

Já imaginou se, por engano, você entra vestido com a camisa do Vasco no meio da torcida do Flamengo? É algo semelhante!

Pisar na bola no exterior é bem mais fácil do que sequer podemos imaginar. Assim, gastar um pouco de tempo para se informar sobre os costumes do destino pode não apenas nos poupar de contratempos ou constrangimentos, mas abrir portas ou garantir a simpatia do nosso interlocutor.

Coisas tolas e inocentes, no nosso ponto de vista, podem criar problemas sérios. Por exemplo: existe coisa mais gostosa do que afagar a cabeça de uma criança? Pois saiba que em muitos países do Oriente é tabu tocar na cabeça das crianças. Para eles, tocar a cabeça de uma criança pode perturbar os seus chacras (centros de acumulação de energia).

É claro que você já viu mil vezes fotos do Churchill fazendo o seu famoso sinal: o “V” da vitória!


Mas você sabia que esse mesmo sinal, feito com as costas da mão tem o significado de “dane-se” (isso para ficarmos no significado politicamente correto). 

A foto abaixo foi tirada depois de uma tensa reunião com Stalin, no final da II Grande Guerra. Você por acaso acha que a inversão da mão foi por um mero descuido?!


Mostrar as duas mãos espalmadas para nós significa “dê um tempo”, concorda?! Pois na Grécia ela igualmente significa “dane-se”! 

Então veja o que os gregos estão dizendo ao governo deles durante os protestos de rua atuais!


Tá pouco? Então tome uma manifestação na Parça Tahrir, no Cairo!


E estória que se segue me foi contada por um amigo da Embraer. 

Conta ele que enviados da Embraer estavam numa dura negociação de aviões com uma empresa de aviação grega. Cansaço dos dois lados e a negociação travada. O lado grego faz mais uma proposta e o negociador brasileiro mostra AS DUAS MÃOS ESPALMADAS, pedindo um tempo!

Isso foi o que ele quis dizer... mas não foi isso que os gregos entenderam.

Imediatamente eles se levantaram e se retiraram da sala sob o olhar atônito do brasileiro que não estava entendendo patavinas do que estava se passando.

A negociação foi salva pelo intérprete que, sendo brasileiro filho de gregos, sabia exatamente o que o brasileiro queria dizer e a ofensa sentida pelo lado grego. Foi ele quem desatou o nó, explicando a ambos os lados o que havia se passado.

Depois do negociador brasileiro apresentar as suas sinceras desculpas pelo ato involuntário, mas ofensivo, a negociação prosseguiu.

Ah, se a Embraer conseguiu vender algum avião pra Grécia? Bem, o meu amigo não me contou o resultado da negociação, mas andei dando uma pesquisada nos clientes da Embraer e... não tem NENHUM que seja grego!!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Paris - o golpe do anel!



No dia seguinte o programa era passear pelas margens do Sena. E ir tirando fotos pelo caminho. 

O problema é que eu errei na calibragem do percurso que ficou muuuuuito loooooongo!! Mais de 10km, o que quase mata a Mary!!! Para você ter uma idéia, fomos da catedral de Notre Dame caminhando até a torre Eiffel. De lá fomos até o Arco do Triunfo, para descer pela Champs-Élyssès até a Place de la Concorde.


E como bons turistas, o “luminoso” PANACA estava brilhando na nossa testa. Perdi a conta que quantas meninas vieram nos abordar com “lista de donativos”. Essa trampa é mais velha que Matuzalém!


O "golpe da lista" pode ser velho, mas fomos apresentados a um novo tipo de golpe. 


Estávamos passeando de mãos dadas, quando uma moça que nos seguia nos chama e mostra uma aliança de ouro, indicando que ela teria caído de nossa bolsa. Disse que a aliança não era nossa, mas ela insistiu que ficássemos com ela. Até aí, apesar de estranho, a ficha não havia caído para o que se passava.


Foi quando ela disse: “já que era uma peça de valor e que ela havia achado para nós, só pedia que déssemos dinheiro para que ela pudesse comer um lanche”! Aí a ficha caiu! Abri um sorriso, agradeci e devolvi a “preciosa” aliança de “ouro”!


Não deu nem uns quinze minutos e o mesmíssimo papo se repetiu, agora com um rapaz. Mais meia hora e tentaram o mesmo golpe de novo. Na última do dia, falei para o rapaz que ele tinha chegado atrasado e que era o quarto a tentar o golpe. Com a cara mais deslavada do mundo, fez o sinal de positivo e seguiu o seu caminho, para mais adiante tentar o golpe com outro turista!


Essa aliança é pesada e você chega até a ficar em dúvida se não é de ouro mesmo. Mas não vale absolutamente nada e qualquer dinheiro que consigam com o otário vale bem mais que o valor da peça.



Angola - A água do Bengo

Quem já esteve em Roma sabe que existe uma lenda que diz que quem joga uma moeda na Fontana di Trevi, retorna a Roma. Sei não! Tenho minhas dúvidas!!

Estive lá em 1986 com minha ex-esposa, joguei a minha moeda e até agora neca!! De lá para cá já passou um oceano debaixo da ponte. Descasei, casei de novo, voltei à Europa um buzilhão de vezes, até retornei à Itália... mas, Roma que é bom, neca!!

Fiz a minha parte e espero que eu ainda esteja lá na fila dos eleitos a retornarem a Roma, mas acho que os deuses da Fontana de Trevi se esqueceram de mim. Pode ser que a máfia italiana tenha corrompido os auxiliares dos deuses, que podem estar aceitando umas moedinhas por fora, porque tem muita gente furando fila.

Outra possibilidade é que, com a adoção do Euro, os deuses da Fontana di Trevi, agora imbuídos do espírito burocrata de Bruxelas, tenham resolvido que a desvalorizada moedinha de lira italiana perdeu o valor e riscaram o meu nome da lista! Se for por isso, quero a minha moedinha de volta! O pior é que não tenho pra quem apelar, pois a embaixada italiana diz que o problema não é com ela.


Bem mais ao sul de Roma, em pleno continente africano, me deparei com outra lenda semelhante. Dizem que quem toma a água do Bengo retorna à Luanda, capital de Angola. 

Bengo? Bengo é um rio que corta Luanda, uma cidade que, de tão linda, já foi chamada de “A Pérola Negra da África”. Infelizmente, por conta do inchaço urbano decorrente da prolongada guerra civil, Luanda se transformou em um caos. Hoje, quase um terço da população de Angola vive em Luanda. Imagine uma cidade que teve sua população decuplicada com refugiados da guerra civil... sem que houvesse qualquer investimento em infra-estrutura.

Agora, feche os olhos e imagine o Tietê! Pois bem, perto do Bengo as águas do Tietê são de uma cristalina pureza!!


Por força do meu trabalho, virava e mexia estava pousando em destinos bastante exóticos, bem distantes do chamado “circuito Elizabeth Arden”: Paris, Londres e Nova Iorque. Há lugares onde fui que o nosso anjo da guarda ganha adicional de insalubridade e de periculosidade pelo trabalho extra, mas nem por isso me comportava como turista americano, daqueles que escova os dentes com água mineral importada para não botar a imaculada boquinha naquela água que jorra da torneira local.

Mas vamos voltar para nossa lenda tropical, que fala que quem toma a água do Bengo retorna à Luanda.

Gente, quem já viu a cara do Bengo, não tomaria, nem amarrado, um copo d’água vindo daquilo que, algumas décadas atrás, podia até parecer com algo que comumente chamamos de rio.

Sinceramente não sei como foi que aconteceu, mas se a lenda estiver certa, tenho que reconhecer que tomei água do Bengo... e não foi pouca, pois já retornei a Luanda, não uma, mas duas vezes!!


Meu primeiro contato com Luanda foi em fevereiro de 2000. A segunda guerra civil tinha recém terminado, mas os guerrilheiros da Unita ainda estavam muito ativos e dominavam boa parte do território angolano. Você abria jornal brasileiro ou estrangeiro e tudo o que se lia sobre Angola era a respeito de ataques guerrilheiros, minas explodindo dilacerando civis inocentes e... pobreza, mas muita pobreza mesmo!

Como sempre faço quando vou pela primeira vez a um lugar, fui pesquisar sobre Angola na Internet. Antes não tivesse feito, pois saí bem mais apavorado do que antes da pesquisa. A sensação que tinha era a de que ia pisar numa mina assim que tocasse o solo angolano e voltaria pra casa num saco preto com uma etiqueta de identificação no dedão do pé! Isso se encontrassem o pé, é claro.


Não era bem medo o que eu tinha. Era algo mais próximo do pavor absoluto. Mas como peru é que morre de véspera e não sou de fugir de desafios, resolvi encarar a viagem. Se era pelo bem da pátria eu ia, mas ia com um belo seguro de vida! Podia até morrer, mas minha família estaria amparada. O tal do seguro que fiz tinha uma cobertura tão alta, que os amigos de trabalho começaram a me gozar:

– Edu, se você não morrer em Angola, morre na volta! A Mary é que não vai deixar escapar a chance de por a mão nessa bolada toda!

Como “seguro morreu de velho”, não comentei nada a respeito com ela. Apenas deixei a informação dentro de um envelope lacrado que dizia: “abrir em caso de morte”!!


Fui e, é óbvio, não morri! Caso contrário este blog estaria sendo psicografado por um médium.

E uma vez que sobrevivi, confesso que a viagem a Angola foi uma grata surpresa, que vou relatar nos próximos posts.

Taxi Driver VI - detonando o Chávez!



Mas papo com taxista também pode gerar um conflito internacional. Na volta para o Aeroporto de Caracas (que fica a uns 45km de distância morro abaixo, em Maiquetía, cidade do litoral) meu colega começa a fazer piada sobre o presidente Chávez, ridicularizando o programa que ele tem na televisão venezuelana. Mal ele começou a falar e tomou uma cotovelada minha:

– Cale a boca, fulano, pois o taxista pode ser partidário do Chávez e, se for, estaremos numa baita encrenca!


Se você não sabe, 97% dos taxistas venezuelanos amam o Chávez de paixão. Quanto mais eu pedia que ele se calasse, mais piada ele fazia e mais alto ele ria. E o motorista só olhando a gente pelo espelho retrovisor.

Eu já estava até imaginando a manchete “BRASILEIROS SEQUESTRADOS EM CARACAS” sendo estampada nos jornais brasileiros, quando o taxista resolveu abrir a boca. Por sorte nossa, ele era parte dos 3% de taxistas que faziam oposição a Chávez e dali até Maiquetía desfiou sua bílis represada contra o presidente venezuelano!


Acho curioso o termo corrida para denominar a prestação de um serviço de táxi. Corrida para mim tem mais a ver com automobilismo do que com táxi... apesar de concordar que muitos taxistas fazem as ruas de pista de corrida.

Outros nem tanto!! Perto de onde morava, em Brasília, tem um dos mais antigos pontos de táxi da cidade. Acho que eles estão ali desde 5 minutos depois da inauguração da cidade e o mais jovem deve ter uns 85 anos de idade. Se juntar a idade de todos faria Matusalém parecer um adolescente!

Certo dia estava com pressa, carro na oficina e atrasado para um compromisso. Corri para o ponto de táxi e me enfiei no primeiro táxi que encontrei. Bem, demorei uns longos minutos para perceber que ele tinha colocado o carro em movimento! Com o táxi se arrastando a uns 30 por hora e agoniado com o meu atraso, resolvi pedir que ele acelerasse...

No que ele atendeu prontamente... passando para 35 km/h!!! Quando vi que daquele mato não saía coelho, relaxei e usei o celular para avisar que chegaria atrasado. Quando? Só Deus sabe!


Mas a situação inversa também é igualmente verdadeira! Estava no centro do Rio e a reunião demorou bem mais que o previsto. Assim que terminou, peguei o primeiro táxi que passou. Perguntei quanto ele cobraria por uma corrida para o Galeão e ofereci 50% a mais se ele acelerasse tudo o que pudesse para eu não perder o meu vôo. E com aquele típico ssssotaque carioca ele replicou na lata:

– Dotô, sscê num vai perdê essssse vôo não ssssinhô! Pur mim é qui num vai!!

O que ele fez a partir daí não dá para descrever... até mesmo porque fechei os olhos para não ter um ataque cardíaco!!

Ah, a propósito, não perdi o vôo!


E essa lembrança me remete a uma piada... de português, é claro!

Sabendo que o patrício Manuel vinha de férias para o Brasil, Joaquim achou por bem avisar ao amigo:

– Cuidado, oh pá! Os taxistas no Rio não correm, voam!!

Manuel desembarca no Galeão, pega um táxi, vira pro motorista e diz:

– Schifaizfavoire, leve-me ao Hotel X na Av. Atlântica.

– A que altura? – pergunta o motorista. Assustado o português responde:

– Se passares de três metros de altura te mato!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Paris – ... porque não somos de ferro!!!



Já perdi as contas de quantas vezes estive em Paris... e nunca me canso dessa maravilhosa cidade.

Nas minhas idas à Genebra, sempre ia via Frankfurt e voltava via Paris. Chegava na sexta lá pelas dez da noite, ficava no saudoso hotel Les Argonautes, bem pertinho da catedral de Notre Dame  e da estação de metrô Saint-Michel, em pleno Quartier Latin.


A rua do hotel era o maior buchicho e o hotel ficava em cima de um restaurante grego, cuja zorra ia até uma da matina. Como dormir era impossível com o barulho do restaurante, eu ficava zanzando pelas ruas até a coisa sossegar. Uma delícia!!!

No sábado, fechava as contas do hotel, deixava as malas na recepção e ia passar o dia visitando os museus de Paris. Lá pelo fim da tarde, pegava as malas, ia para o aeroporto e voltava para o Brasil no vôo das onze da noite da Varig. Bons tempos!

Para mim Paris é a cidade mais incrível que conheço. Não me canso de Paris e tantas vezes puder, não perderei uma única oportunidade de visitá-la.


Mas chega de nostalgia e vamos voltar para o presente. O dia da viagem Madri/Paris foi perdido. O vôo saiu atrasado de Madri e chegamos em Paris bem depois do previsto.

Pegamos o RER (trem de subúrbio que leva do aeroporto até o centro de Paris) e, conforme recomendação do idiota que nos vendeu os bilhetes, saltamos na Gare du Nord.

Foi nosso primeiro engano da noite. Aliás, só use a Gare du Nord se não tiver nenhuma outra alternativa. Aquilo ali é simplesmente ENORME!!! Tem 812 subsolos, 945 linhas de metrô que fazem interconexão com RER, trens nacionais e internacionais e... dois milhões de prostitutas, gigolôs, traficantes, batedores de carteira, entre outros profissionais do mesmo gênero!!!

Desnecessário dizer que nos perdemos naquela muvuca. Mais de meia hora depois, cansados, suados e tensos, encontramos finalmente a plataforma do metrô que nos levaria a estação mais próxima do nosso hotel, perto dos Jardins du Luxembourg.


Saltamos para cometer nosso (meu) segundo erro. Na saída do metrô, peguei a direção contrária à que devia e andamos uns bons 15 minutos até eu descobrir o erro.

A essa altura a mala ia multiplicando o seu peso a cada minuto que passava. Chegamos no hotel pisando na língua.

Mas nada que um jantarzinho romântico não resolvesse!

Banho tomado, perfume no cangote, fomos tentar as duas recomendações do recepcionista do hotel. O primeiro restaurante... fechado! O segundo... idem!

Qual a terceira opção? Queijos e vinhos! No nosso quarto de hotel, é claro! Passamos por um supermercado que estava aberto e fizemos uma compra: brie, emmenthal, reblochon de savoie, patê campagne, jamón ibérico, pão e um belo vinho francês. Nada mais romântico, não é mesmo?!

Taxi Driver V - Maradona ou Pelé?



Mas nada pode ser um melhor termômetro da situação econômica e política de um país ou de uma cidade que um bom papo com um taxista. Você vai ouvir tratados econômicos merecedores de Prêmio Nobel, conhecer decisões políticas que resolveriam os problemas nacionais em dois meses, saber quais os políticos que deveriam estar na prisão e por aí vai.

Meteorologia e futebol são outros dois temas recorrentes. Todo taxista que se preze conhece direitinho a previsão do tempo para o dia, que obviamente não é a sua. Afinal, dizem eles, os meteorologistas devem ser todos amadores, pois sempre erram! Se fossem verdadeiros profissionais acertariam a previsão. Ele, que nem estudo tem, não erra uma. 

- Aposto 10 pilas como hoje chove de tarde, apesar da previsão afirmar o contrário!

Futebol, ah o futebol, paixão das massas! Todo taxista é torcedor fanático de um clube. Se for o mesmo que o seu, muito provavelmente lhe perdoará do engambelamento padrão para aquela corrida e falará como uma matraca sobre a paixão que tem pelo clube. Mas se você for torcedor do clube rival, cuidado, seu destino está nas mãos nem um pouco confiáveis daquele fanático!

Nunca me esqueço de uma corrida que tive em Buenos Aires. Assim que o taxista percebeu que eu era brasileiro, fez a tradicional pergunta:

– Amigo, con sinceridad, quién es mejor: Maradona o Pelé? 

Nem deixei a bola quicar e respondi na lata:

– Eso es un problema solo acá en Argentina. En todo resto del mundo es Pelé!!

Desnecessário dizer que foi o último diálogo que trocamos até o destino. Confesso que foi uma corrida tensa mas, como bom brasileiro, não ia deixar passar barato, né?


E por falar em Argentina, lá e no Uruguai existe uma figura que desconhecemos por aqui: o remis. Remis é basicamente um carro com motorista e, na maioria das vezes, trabalha no percurso aeroporto/hotel e hotel/aeroporto. 

Chegou em Buenos Aires ou Montevidéu? Nem pense duas vezes, vá logo contratando um remis. Na volta faça o mesmo na portaria do seu hotel. São bem mais confiáveis que os táxis normais, trabalham com tarifa fixa, além de disponibilizarem carros mais novos, limpos, espaçosos e com ar condicionado.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

EUA: Velho Oeste – Antelope Canyon (out/2010)



Nossa viagem prosseguiu pela parte sul do Great Basin Desert, que abrange quase todo os estados de Nevada e de Utah, chegando até o norte do Arizona. Fomos até Page, Arizona, onde está a represa de Glen Canyon, formadora do lago Powell.

Mas buscávamos uma outra grande atração da região, o Antelope Canyon, um cânion de fenda. Ao contrário do Grand Canyon e outros cânions normais, que são abertos em "V", com o topo bem largo e o fundo estreito, esse tem o formato oposto, sendo mais largo no fundo e uma leve fenda no topo!

Esse tipo do cânion ficou imortalizado pelo cinema no filme “127 Horas”, indicado ao Oscar. Baseado em um caso real, o filme conta o terror de um excursionista que caiu em uma fresta semelhante e ficou preso, tendo que auto-amputar o braço, para conseguir escapar.

Obviamente o que buscávamos ali não era experimentar situação semelhante, mas fotos de um cânion belíssimo.


Como as paredes do Antelope Canyon são de um arenito cor de rosa, as tonalidades obtidas nas fotos são incríveis. E não há como tirar foto decente sem tripé, pois o tempo de exposição pode chegar a 30 segundos.


O maior problema que encontrei foi conseguir focar em ambiente (MUITO) escuro. Além disso, não foi fácil ter que lidar com os outros 800 turistas que zanzavam pelo cânion enquanto você tirava foto.


As fotos saíram MUITO melhor do que eu esperava. Selecionar as fotos deste post não foi fácil!!!


Lá dentro do cânion, eu vibrava com cada foto bonita que eu conseguia... mas confesso que também joguei no lixo muita foto escura, estourada pela iluminação ou por estar fora de foco! Mas o que sobrou é um material simplesmente fantástico! Pura arte abstrata!!!

Ah, ia me esquecendo! Como nos "Steites" não tem FUNAI, que trata os índios como imbecis que precisam ser pageados, a visitação do Antelope Canyon é explorada pela Nação Navajo, rendendo lucros para toda a comunidade navaja de Page.


Para finalizar, fomos visitar o Horseshoe Bend, uma curva um "U" cavada na rocha pelo rio Colorado, bem pertinho de Page. E foi aí que, pela primeira vez na viagem, senti falta de uma grande angular mais poderosa. A minha lente de 18mm não deu conta de cobrir toda a paisagem e fiquei morrendo de ódio!!! A sombra do início da tarde também prejudicou a foto!



Portugal e Espanha - Portas, portas e mais portas II


Para fotos de portas e janelas, veja também os posts "Ancud'o mundo!!! Chile 29/4/2011" e "Portugal e Espanha - Portas, portas e mais portas I"


Logo no início da viagem eu mandei uma seleção de fotos de portas, tiradas em Madri.

Como muito do que se vê em uma viagem ao redor de Portugal e Espanha são prédios algumas vezes mais velhos que o Brasil, o que não falta é porta antiga, com ferrolhos, maçanetas, puxadores e dobradiças super diferentes e fotogênicos.

Na minha forma de ver, são distintas de tudo o que temos por aqui no Brasil, fazendo com que tenham um charme todo especial.

Podem não acreditar, mas depois que as portas souberam que eu estava fotografando-as, bastava eu andar no meio da rua que ouvia um "psiu"!!! Era uma porta piscando o "ferrolho", pedindo para ser fotografada!!

E raro era o dia que eu não fotografava uma "nova" porta antiga!

A seleção de portas apresentada abaixo foi fotografada em várias cidades de Portugal, mas ainda tenho material para pelo menos um outro post, com portas de cidades espanholas.

Porto - Igrega dos Clérigos
Lisboa - Mosteiro dos Jerónimos
Coimbra - Porta no Arco de Almedina
Leiria - Castelo de Leiria
Guimarães - Castelo de Guimarães
Coimbra - Porta perto da Sé Velha
Lisboa - Porta no Rossio
Brage - Porta no centro antigo
Coimbra - Porta da Biblioteca Joanina
Lisboa - Porta da Sé de Lisboa

Ah, dessa vocês escaparam!! Minha intenção era a de fazer uma série semelhante, com ladrilhos portugueses. Infelizmente não deu! Os ladrilhos dessa vez foram bastante frustrantes. Não foram tão simpáticas comigo!!